quinta-feira, 10 de abril de 2008

AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA

John Wycliffe (1330 – 1384)

John Wycliff, o estudioso de Oxford que esteve por trás da primeira Bíblia na língua inglesa, criou tantos problemas na Igreja, que, mesmo 43 anos depois da sua morte, líderes da Igreja ordenaram que os ossos dele fossem tirados do túmulo, queimados até virarem cinzas e atirados em um rio.
Em seus estudos da Bíblia, Wycliffe começou a perceber que muitos líderes da Igreja não estavam praticando o que ela ensina. E, então, ele passou a falar do que acreditava, especialmente durante a última década de sua vida. Com suas aulas, sermões e textos escritos, Wycliffe lançou uma campanha vigorosa contra a Igreja, preparando o caminho para a Reforma, que ocorreu um século depois.
Por causa da sua falta de confiança na autoridade da Igreja, bem como seu respeito pelas Escrituras, Wycliffe começou a pressionar para que houvesse uma tradução inglesa da Bíblia. Essa deveria substituir a latina, que somente o clero bem-educado conseguia ler.
Wycliffe pode não ter traduzido muito ou talvez nada da Bíblia que leva o seu nome. Mas, no mínimo, ele foi a força motivadora por trás do projeto.

A Imprensa

Um século antes de Lutero, John Wycliff e John Huss haviam lançado centelhas de reforma. Mas o fogo não se espalhou. A mensagem de reforma de Lutero, entretanto, rapidamente tomou conta da Alemanha, se alastrou por outras nações da Europa e continuou crescendo. A grande diferença entre Lutero e reformadores anteriores é que Lutero teve acesso à recém-inventada tecnologia de impressão de Gutenberg. Lutero podia publicar sua mensagem de forma barata em livros e panfletos e, então, distribuí-la a centena de milhares de pessoas. Mais importante ainda: ele pôde publicar a Bíblia na língua do seu próprio povo, de forma que as pessoas podiam ver, por si mesmas, que muitos líderes eclesiásticos distorciam a mensagem bíblica.

Martinho Lutero

Martinho Lutero, o estudioso da Bíblia nascido na Alemanha e que havia sido monge, é famoso especialmente por ter dado início à Reforma, um movimento amplo, que resultou na divisão da Igreja em duas: Católica e protestante. Mas ele também traduziu a Bíblia para o Alemão, o que ajudou a unificar a nação e a língua, que tinha vários dialetos. Surpreendentemente, ele levou apenas 11 semanas para terminar o primeiro rascunho da sua tradução do NT em Alemão. Esse NT faz parte de uma tradução da Bíblia tão compreensível, que cópias revisadas dela ainda são populares entre os alemães de hoje.

William Tyndale

Apesar de educado em Oxford e Cambridge e, então, ordenado como um sacerdote, tudo o que Tyndale queria era traduzir a Bíblia das suas línguas originais, hebraico e grego, para o inglês. Como um lingüista talentoso, ele parecia ser a pessoa certa para aquela tarefa. Ele dominava pelo menos sete línguas, incluindo as línguas bíblicas antigas.
Seus superiores católicos não aprovaram o projeto. Eles o associaram ao crescimento do movimento protestante, que ensinava que a Bíblia, não a Igreja, era a voz de Deus na terra.
Tyndale foi julgado não somente por publicar o NT em inglês, mas também por ter um pensamento semelhante ao de Lutero. Introduções e notas nas margens da sua Bíblia revelam a sua teologia. Ele acreditava na salvação através da fé, não através da Igreja. Ele negava a existência do purgatório. Ele argumentava que a virgem Maria e os santos não intercediam por nós e que não deveríamos orar para eles.
Em agosto de 1536, Tyndale foi condenado como culpado de heresia. Dois meses, ele foi acorrentado a uma estaca onde um executor publicamente o estrangulou com uma corda e, então, queimou o seu corpo. Suas palavras finais foram: “Senhor, abra os olhos do Rei da Inglaterra”, e enquanto ele falava, o clima estava mudando na Inglaterra. O Rei Henrique VIII, que havia sido incapaz de assegurar a aprovação do Papa divorciar-se de Catarina de Aragão, estava se afastando da Igreja Católica.
Um ano depois da morte de Tyndale, Bíblias que revelavam forte influência do trabalho dele começaram a ser distribuídas na Inglaterra, com a aprovação do Rei. Em dois anos, todas as paróquias foram encorajadas a ter uma cópia para o seu povo. E, dentro de cinco anos, as igrejas pagavam multa se não cumprissem a ordem.

A Bíblia de Genebra

A Rainha Maria atacou tão furiosamente os protestantes da Inglaterra, que ficou conhecida como “Maria, a sanguinária”. Para sua própria segurança, muitos estudiosos protestantes fugiram do país e se estabeleceram em Genebra, na Suíça, onde se reuniram sob o comando de João Knox, o reformador escocês que era pastor de uma igreja inglesa naquela região. A Rainha Maria havia proibido a publicação de Bíblias em inglês no seu reino e, por isso, os protestantes exilados decidiram preparar suas próprias Bíblias.
O trabalho de tradução foi especialmente dado a William Wittingham, que havia sido um aluno de Oxford. Sua versão inglesa do NT foi publicada em Genebra em 1557. Quando Maria morreu, e a protestante Elizabete I chegou ao trono, muitos dos exilados ingleses retornaram para casa, mas Wittingham permaneceu em Genebra para completar o seu trabalho. O AT foi publicado lá em 1560.
A Bíblia de Genebra só veio a ser publicada na Inglaterra em 1576, mas cópias delas eram livremente importadas de Genebra, e o livro fez um enorme sucesso. Foi a Bíblia dos grandes escritores do século XVII, incluindo Shakespeare, Bunyan e Milton.

A Versão King James

Em janeiro de 1604, durante o seu primeiro ano no trono, Tiago I (ou James em inglês), convocou uma reunião para avaliar a situação da Igreja na Inglaterra. Entre outras coisas foi resolvido que deveria ser feita uma tradução precisa para substituir as outras versões em inglês e para se tornar a única versão lida nas igrejas. O trabalho foi realizado pelos melhores estudiosos e lingüistas da Inglaterra.
A tradução ficou conhecida como Versão King James e no final do século XVII, havia se tornado a Bíblia do povo de fala inglesa. Como o padre católico Alexander Geddes afirmou em 1792: “Se precisão, fidelidade e a atenção mais estrita às letras do texto constituem as qualidades de uma excelente versão, essa, entre todas as versões, deve, em geral, ser considerada a mais excelente.”

Traduções da Bíblia em português

1753: Tradução de João Ferreira de Almeida
1790: Versão de Figueiredo
1898: Versão Revista e Corrigida de Almeida
1917: Tradução Brasileira
1932: Versão de Matos Soares
1959: Versão Revista e Atualizada
1959: Versão dos Monges beneditinos
1968: Versão dos Padres Capuchinhos
1981: Bíblia de Jerusalém
1981: A Bíblia Viva
1988: Bíblia na Linguagem de Hoje
1993: Tradução em Português Corrente
1993: 2ª Edição da Versão Revista e Atualizada de Almeida
1994: Tradução Ecumênica da Bíblia
1995: 2ª Edição da Versão Revista e Corrigida de Almeida
2000: Nova Tradução na Linguagem de Hoje
2001: Nova Versão Internacional
2002: Versão da CNBB

Traduções de Almeida mais usadas

O primeiro a traduzir o NT para o português, baseando-se no original grego, foi João Ferreira de Almeida. Ele nasceu em Torre de Tavares, Portugal, em 1628. Em 1644, converteu-se ao protestantismo, sendo ordenado ao ministério na Igreja Reformada Holandesa, em 1656. Sua tradução da Bíblia foi obra de uma vida toda. O NT foi lançado em 1681, impresso na Holanda. Almeida não conseguiu terminar a tradução do AT: faleceu em 1691, deixando a tradução em Ezequiel 48.21. O trabalho foi concluído por Jacobus op den Akker, colega de Almeida. A Bíblia toda só foi publicada em 1753.

Almeida Revista e Corrigida (ARC)

A tradução foi trazida para o Brasil pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em data anterior a fundação da Sociedade Bíblica do Brasil. Naquela época, a tradução de Almeida foi entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, que foram incumbidos de tirar os lusitanismos do texto, dando a ele uma feição mais brasileira.

Almeida Revista e Atualizada (ARA)

Encomendada em 1943, surgiu, no Brasil, após o trabalho de mais de uma década. A comissão tratou de atualizar a linguagem, mas também levou em conta os últimos avanços da arqueologia e exegese bíblicas. Atenção especial foi dada à leitura pública dos textos, que resultou na eliminação de uns dois mil casos de desagrados cacofônicos.

BIBLIOGRAFIA
· Miller, Stephen M. e Hubert, Robert V., A Bíblia e sua história, Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

domingo, 9 de março de 2008

CONTRA AS HERESIAS

GNOSTICISMO
Nome derivado do termo grego “gnosis” (conhecimento), se tratava de uma mistura de religiões esotéricas, mesclando a filosofia dos gregos com o paganismo persa, babilônio, hindu e egípcio, e adicionando elementos do judaísmo e do cristianismo.
Sua forma de seduzir adeptos era a VAIDADE: diziam deter um conhecimento “secreto” passado por Jesus a um grupo “seleto” de discípulos. Tais conhecimentos eram, diziam eles, “superiores” aos que a cristandade recebera nos discursos públicos de Jesus.
Tal como nas SOCIEDADES SECRETAS da atualidade (maçonaria, por exemplo), o gnosticismo começava a seduzir pessoas dentro do cristianismo desejosas em participar de um grupo de elite que detinha um “ensinamento superior que devia ser reservado a pessoas especiais”, sendo tal conhecimento seria “propriedade exclusiva dos INICIADOS”.
A salvação para o gnosticismo consistia, basicamente, na libertação da alma ao corpo que o prende. Para os gnósticos, toda matéria é má e, sendo o corpo matéria, é um obstáculo ao desenvolvimento espiritual.
Sendo impossível ser a matéria remida, não importava o que fizessem aos seus corpos. Assim, o processo posterior ao conhecimento gnóstico era o ABUSO DO CORPO.
Tal abuso podia consistir nos extremos: LICENCIOSIDADE OU ASCETISMO, dependendo da corrente gnóstica. O fato era que tanto o ascetismo exagerado como a libertinagem completa eram um dos meios de levar a alma a desprender-se de tal “prisão” e promover um “equilíbrio cósmico”, declinante por causa da matéria.

A Criação é má

A maioria dos gnósticos acreditava que o Deus do AT, que criou o mundo, não era o Ser Supremo. Ao invés disso, que era um deus inferior. Assim, tudo o que ele criou, incluindo os seres humanos, é mau. O corpo físico é descrito como um fardo que temos de suportar até que a morte nos liberte dele.
Em geral, não acreditavam que Jesus tivesse sido um filho desse “deus inferior” da criação. Ao invés disso Jesus teria sido um ser que apenas parecia humano. Ele não sofreu nem morreu na cruz. Por isso, também não ressuscitou dos mortos.

NAG HAMMADI

Em 1945, dois irmãos egípcios estavam fazendo escavações em uma caverna próxima da cidade de Nag Hammadi, que fica junto ao rio Nilo. Acabaram por descobrir um tesouro literário em um pote de barro, isto é, uma dúzia de livros de papiros que haviam pertencido a um grupo de gnósticos.
Nesses 12 livros há 52 tratados antigos, escritos no quarto século d.C. em copta, uma língua egípcia, mas foram traduzidos de manuscritos gregos provavelmente escritos um ou dois séculos antes.
Vinte e cinco dos 52 textos de Nag Hammadi podem ser classificados como literatura apocalíptica ou de revelações. Isto não surpreende, diante da ênfase que os gnósticos davam ao conhecimento revelado. Entre esses tratados existem “apocalipses” atribuídos a Adão, Pedro, Tiago, João e Paulo. Seis tratados são “evangelhos” sobre Jesus, incluindo O Evangelho de Tomé, O Evangelho da Verdade, O Evangelho de Filipe e O Evangelho dos Egípcios. Há ainda outros escritos que são ditos de sabedoria, ensinamentos doutrinários, orações, hinos e relatos reformulados de histórias do AT.
A maioria dos textos apresenta uma clara tendência gnóstica. Testemunho da Verdade retrata o criador como um vilão. O Apocalipse de Pedro ataca a Igreja. Outros escritos talvez não tenham sido gnósticos. É o caso, por exemplo, do Discurso sobre o Oitavo e o Nono, que trata de lendas egípcias. Ainda é um mistério quem enterrou esses escritos e por que teria feito isso.

Heresias como o Gnosticismo forçaram os líderes cristãos a definir claramente o que crêem os cristãos.
Princípios fundamentais da fé cristã foram redigidos em afirmações sucintas, como o Credo Apostólico, que exigia que os candidatos ao batismo confirmassem a sua fé no Deus criador, em Jesus e sua ressurreição, no Espírito Santo e na ressurreição do corpo para a vida eterna.


OS CONCÍLIOS

Os primeiros concílios foram apologistas, isto é, tinham o objetivo de defender a fé e seus fundamentos mais importantes como a Trindade, as naturezas divina e humana de Cristo, a sua encarnação e etc.

CONCÍLIOS DA IGREJA INDIVISA

50 d.C. - Concílio de Jerusalém - As leis judaicas e os cristãos
325 d.C. - 1º Concílio de Nicéia - Contra o arianismo. Credo
381 d.C. - 1º Concílio de Constantinopla - Finalização do Credo
432 d.C. - Concílio de Éfeso - Contra o nestorianismo
451 d.C. - Concílio de Calcedônia - Contra o monofisismo princípio da união hipostática
553 d.C. - 2º Concílio de Constantinopla - Contra os nestorianos
681 d.C. - 3º Concílio de Constantinopla - Contra o monotelismo
767 d.C. - 2º Concílio de Nicéia - Legaliza veneração de imagens
867 e 1064 d.C. - Cismas entre as Igrejas Romana e Ortodoxas


CREDO APOSTÓLICO

“Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo. Seu único Filho nosso Senhor. O qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Cristã – a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém”.

CREDO NICENO

“Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria, e se fez homem; foi também crucificado em nosso favor sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu aos céus; está sentado à destra do Pai, e virá pela segunda vez, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual procede do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas.
E a igreja, uma santa, católica e apostólica.
Confesso um só batismo, para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém”.

MENTIRAS DO “CÓDIGO DA VINCI”

Dan Brown revelou o seu profundo desconhecimento histórico quando em seu livro “O Código da Vinci” afirmou que “ Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia", em 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino. Na verdade o Concílio de Nicéia apenas reafirmou a divindade de Jesus Cristo, que já era aceita em textos e testemunhos pessoais desde o século I. Vejamos:

· O testemunho do próprio Jesus Cristo: "Eu e o Pai somos um" (João 10.30).

· O testemunho dos evangelhos e epístolas: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.1 e 14). Dos israelitas "são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Romanos 9.5). "Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino" (Hebreus 1.8).
· O testemunho de vida e morte dos apóstolos: todos os apóstolos de Jesus foram presos e/ou mortos sustentando a verdade de que Jesus Cristo era o Messias e ressuscitou. Ninguém sustenta uma mentira sabendo que aquela mentira vai condená-lo à morte. Os apóstolos morreram pelo que acreditavam ser verdade.
· O testemunho dos pais da igreja: bem antes do Concílio de Nicéia, muitos foram aqueles que morreram confessando que Jesus Cristo é Deus: Policarpo de Esmirna era discípulo do apóstolo João, enviou carta à igreja de Filipos entre 112 e 118 e foi martirizado em 160 d.C.. Justino, o Mártir, nasceu em Israel, ficou impressionado com a capacidade dos cristãos de enfrentarem a morte de forma heróica, converteu-se ao cristianismo e testemunhou acerca de Jesus até o seu martírio em 165 d.C. Vários outros líderes da igreja de Cristo consideraram Jesus divino muito antes do Concílio de Nicéia, a saber: Inácio (105 d.C.), Clemente (150 d.C.), Irineu (180 d.C.), Tertuliano (200 d.C.), Orígenes (235 d.C.), Novatian (235 d.C.), Cipriano (250 d.C.), entre outros.[4]
· O testemunho dos cristãos que passavam pelo Panteão, em Roma: esse templo aos deuses foi concluído em 126 d.C. (cerca de dois séculos antes do Concílio de Nicéia). Cristãos eram levados para o Panteão e aqueles que não se curvavam diante da estátua de César e não confessavam César como "Senhor", eram mortos. Não foram poucos os cristãos que confessaram que só Jesus Cristo é o Senhor e preferiram morrer em vez de negar a Sua divindade.

Ele também afirmou que o resultado da votação a favor da divindade de Jesus Cristo foi "meio apertado". Que conversa mole de Brown! O resultado foi uma lavagem a favor da divindade total de Jesus! Dos 318 participantes, 16 se abstiveram de assinar o "Credo de Nicéia". O resultado: 300 votos a favor da divindade total e irrestrita de Cristo (posição já existente na igreja cristã) e 2 votos a favor da divindade parcial e inferior de Cristo (posição defendida pelo padre Ário).

BIBLIOGRAFIA:
· Miller, Stephen M. e Hubert, Robert V., A Bíblia e sua história, Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
· Profº Semblano, Martinho Lutero, Apostila de Teologia Sistemática, Faculdade Wittenberg, 2007.
· Sites da Internet.
MEUS BLOGS:

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www.historiadabiblia.blogspot.com
· www.chamadoparaadorar.blogspot.com

sábado, 16 de fevereiro de 2008

OS ESSÊNIOS

A maioria dos pesquisadores da Bíblia afirma que os rolos do Mar Morto foram copiados e preservados por um grupo de judeus que levavam uma vida monástica e que eram conhecidos como os essênios (“os piedosos”). Esses judeus, quase que exclusivamente homens, viviam numa comunidade no deserto chamada de Qumran. O lugar era uma pequena aldeia cercada de muros numa serra irregular e desolada, próxima às encostas do Mar Morto, uma extensão de água tão salgada, que os peixes não conseguem sobreviver nela.

Os essênios, aparentemente, romperam todas as ligações com outros judeus em torno do ano 152 a.C., quando um líder judeu na vitoriosa guerra de independência da Síria declarou-se o novo Grande Sacerdote. Como os saduceus e os fariseus, os essênios representavam um ramo distinto da fé judaica, assim como batistas, anglicanos e católicos representam diferentes formas de cristianismo.

Quando se apartaram da sociedade judaica, os essênios levaram consigo escritos judaicos sagrados, que eles preservaram fazendo cópias dos mesmos. Soldados romanos que esmagavam uma rebelião nacional judaica dizimaram a aldeia no ano 68 d.C.. Os essênios ocupavam um local privilegiado no alto desfiladeiro e, provavelmente, tenham podido ver o exército se aproximando a quilômetros de distância. Foi, talvez, nesses momentos de tensão que os líderes do povoado decidiram esconder os rolos nas cavernas próximas.

Muros destruídos pelo fogo e pontas de flechas romanas encontradas nas ruínas de Qumran confirmam que a aldeia teve um fim violento.

OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Uma comunidade sectária que era contemporânea de Jesus, os Essênios, escondeu toda a sua biblioteca em 11 cavernas em Wadi Qumran (entre o Mar Morto e Jericó) na iminência da invasão romana em 70 d.C.. Esta biblioteca foi descoberta em 1947 por um jovem pastor beduíno. “Somando tudo, os milhares de fragmentos de manuscritos constituíam os restos de 600 manuscritos”! Estima-se que os textos variam entre 250 a.C. e 70 d.C., e contém quase todos os livros do AT (os mais antigos em existência), além de vários documentos que regulavam a vida e a crença da comunidade dos Essênios.

Dos inúmeros manuscritos pertinentes ao AT, dois deles se destacam: um fragmento do livro de Samuel, tido como o mais antigo texto em Hebraico Bíblico (após o papiro Nash), datando do séc. IV a.C., e o Rolo do livro de Isaías, completo. Esse rolo aproximou-se em 95% ao nosso livro de Isaías vindo dos Massoretas. Estes 5% de diferença foram apenas variações mínimas de ortografia que ocorreram entre a produção do Rolo de Isaías e o Texto Massorético.



QUAL A IMPORTÂNCIA DESSA DESCOBERTA?

Para se ter uma idéia do valor daqueles rolos, basta saber que os mais antigos manuscritos em hebraico que tínhamos do AT datavam do ano 916 d.C.. Porém, dispúnhamos também de duas tradições mais antigas que esses manuscritos: a tradução da Bíblia hebraica para o grego, realizada por 70 sábios (daí o nome: Septuaginta), por volta de 250 a.C. e a tradução da Bíblia hebraica para o latim, realizada pelo erudito cristão Jerônimo, no século IV d.C. (conhecida como Vulgata). Diante disso, os críticos da Bíblia, os perseguidores das Escrituras Sagradas, apresentavam o seguinte problema: “Como se pode confiar no AT se a cópia mais antiga que temos dele foi escrita nove séculos após o tempo em que viveu Jesus Cristo? Como podemos saber se esse texto hebreu corresponde ao texto redigido há tantos séculos pelos profetas – escritores do AT, que viveram no mínimo, em época 400 anos anterior à época do próprio Jesus? Quem nos garante que do tempo de Jesus até o ano 900 não houve alterações no que está escrito no AT”?

Foram os rolos encontrados à margem do Mar Morto que trouxeram resposta para todas essas perguntas. Deus havia providenciado para que aqueles documentos aparecessem exatamente em uma época em que a autenticidade de sua palavra estava sendo posta em dúvida. Não só naquela caverna, mas em outras dez, descobertas nos anos seguintes a 1947, foram encontrados pergaminhos e papiros, guardados segundo o mesmo processo dos primeiros.

OS CÓDICES DO NOVO TESTAMENTO E DO ANTIGO TESTAMENTO

No final do Império Romano e durante toda a Idade Média, a transmissão do saber humano se fez por meio de códices, livros manuscritos, geralmente em pergaminho, que constituem autênticas obras de arte.

Os códices vieram substituir os rolos (papiros enrolados em um cilindro de madeira) comumente utilizados na antiguidade. Tábuas retangulares de madeira, revestidas de cera e unidas por cordões ou anéis, foram utilizadas pelos gregos e romanos para receberem registros contábeis ou textos didáticos; são os antepassados imediatos dos códices. A substituição do papiro pelo pergaminho, a partir do século IV, difundiu o códice como suporte para a escrita.

Os manuscritos do NT se dividem em três categorias: (1) Alexandrino: um grupo de textos antigos e bem reconhecidos, incluindo-se o Códice Vaticano e Sinaítico; (2) Ocidental: são textos muito antigos, mas estão mais propensos a parafrasear e outras corrupções; e (3) Bizantino: uma vasta maioria dos manuscritos, especialmente aqueles produzidos depois do V século.
CÓDICES MAIS IMPORTANTES

Códice Alexandrino, ou A, do séc. V, e contém todo o NT.
Códice Bezae, ou B, também do séc. V e contém os quatro evangelhos e Atos.
Códice de Oxirrinco (Egito) são vários fragmentos de toda sorte de material escrito, inclusive porções do NT: Mateus, João e Hebreus.
Códice do Cairo (Códice Cairensis), de 895 anno Domini (AD), contém os profetas anteriores e posteriores do AT.
Códice Leningradense dos Profetas, datado de 916 AD, contém Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores.
Códice Leningradense (Códice Babylonicus Petropolitanus), datado de 1008 AD, é o mais importante manuscrito do AT e representa a cópia hebraica mais antiga do AT completo.
Códice Sinaítico, datado de c. 350 d.C. e contém também todo o NT.
Códice Vaticanus. datado do ano 350 AD. Ele contém o NT inteiro, exceto Hebreus 9:13 até o fim, I e II Timóteo, Tito e Apocalipse. Além do mais, ele contém todo o AT, mas em Grego, exceto os primeiros capítulos de Gênesis e vários Salmos.
Códice Washington (W), também do séc. V, e contém apenas os quatro evangelhos.
O Papiro Nash é um texto devocional e/ou litúrgico contendo os dez mandamentos (Ex 20:2-17; 5:6-21) e o shemah (Dt 6:4-9). É datado entre 150 a.C. e 68 d.C.
Os Fragmentos da "Genizah" do Cairo (VI - VIII d.C.) foram encontrados em um antigo depósito para texto sagrados em uma antiga sinagoga no Egito.
Papiro Bodmer, datado de c. 220 AD, contém os evangelhos de Lucas e João.
Papiros Chesser Beatty (nome do comprador), contém porções do NT: os quatro evangelhos e Atos, todas as epístolas paulinas e Hebreus e Apocalipse 9-17.

As evidências dos manuscritos do Novo Testamento são impressionantes. Existem mais de 24,000 cópias conhecidas, dos quais 5,366 são do Novo Testamento grego. Alguns destes datam dos séculos II e III. Não há nenhum outro escrito importante da antiguidade cujas cópias datam tão próximo da do original.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

OS PAIS APOSTÓLICOS

CLEMENTE DE ROMA (30-100)

Várias hipóteses já foram levantadas sobre Clemente para identificá-lo. Para alguns, ele pertencia à família real. Para outros, era colaborador do apóstolo Paulo. Outros ainda sugeriram que ele escreveu a carta aos Hebreus. Em verdade, as informações a respeito de Clemente de Roma vão desde lendárias a testemunhas fidedignas. Alguns pais, como Orígenes, Euzébio de Cesaréia, Jerônimo, Irineu de Leão, entre outros, aceitaram como verdadeira a identificação de Clemente de Roma como colaborador do apóstolo Paulo.
A sua principal obra é uma carta redigida em grego, endereçada aos crentes da cidade de Corinto, mais ou menos no final do reinado de Domiciano (81-96) ou no começo do reino de Nerva (96-98). A epístola trata, principalmente, da ordem e da paz na igreja. Seu conteúdo traz à tona o fato de os crentes formarem um corpo em Cristo, logo deve reinar nesse corpo a unidade, e não a desordem, pois Deus deseja a ordem em suas alianças. Traz, ainda, a analogia da adoração ordeira do antigo Israel e do princípio apostólico de apontar uma continuidade de homens de boa reputação.

INÁCIO DE ANTIOQUIA (?? – 117)

Mesmo sendo de Antioquia, seu nome, Ignacius, deriva-se do latim: igne: “fogo”, e natus: “nascido”. Conforme seu nome sugere, Inácio era um homem nascido do fogo, ardente, apaixonado por Cristo. Segundo Euzébio, após a morte de Evódio, que teria sido o primeiro bispo de Antioquia, Inácio fora nomeado o segundo bispo dessa influente cidade.
Inácio escreveu algumas epístolas às comunidades cristãs asiáticas: à igreja de Éfeso, às igrejas de Magnésia, situada no Meander, à igreja de Trales, às igrejas de Filadélfia e Esmirna e, por fim, à igreja de Roma. O objetivo da carta a Roma era solicitar que os irmãos não impedissem seu martírio, o que aconteceria durante o reinado de Trajano (98-117).

POLICARPO (69 – 159)

Sobre sua infância, família e formação, não temos informações precisas, contudo há documentos históricos sobre ele. Graças a alguns testemunhos fidedignos, podemos reconstituir sua personalidade. Foi discípulo do apóstolo João, amigo e mestre de Irineu, tendo ainda conhecido Inácio, sendo consagrado bispo em Esmirna. Quanto aos seus escritos, o único que restou desse antigo pai da igreja foi a sua epístola aos filipenses, exortando-os a uma vida virtuosa de boas obras e a permanecerem firmes na fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Seu estilo é informal, com muitas citações do Velho e do Novo Testamentos.
Faz ainda, 34 citações do apóstolo Paulo, evidenciando que conhecia bem a carta desse apóstolo aos filipenses, entre outras epístolas de Paulo. Há, também, os depoimentos de Euzébio e Irineu, relatando a intimidade de Policarpo com testemunhas oculares do evangelho. Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio apóstolo João.
O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma carta enviada pela igreja de Esmirna à igreja de Filomélio. Esse registro é o mais antigo martirológio cristão existente. Diz à história que o procônsul romano, Antonino Pius, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé, quando já avançado em idade, para que pudesse ser livre. Ele, entretanto, respondeu com autoridade: “Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente!”.

JUSTINO, o mártir (100 – 170)

Flávio Justino Mártir nasceu em Siquém, na Palestina, no início do segundo século e morreu mártir no ano de 170. Depois de peregrinar pelas mais diversas escolas filosóficas em busca da verdade para a solução do problema da vida, abandonou o platonismo, ultimo estágio de sua peregrinação filosófica. O amor à verdade fez que ele rejeitasse, pouco a pouco, os sistemas filosóficos pagãos e se convertesse ao cristianismo. Em sua época, foi o mais ilustre defensor das verdades cristãs contra os preconceitos pagãos.
Embora leigo, é considerado o primeiro “pai apologista” da igreja, logo depois dos primitivos, pois dedicou sua vida a difusão e ao ensino do cristianismo. Em Roma, abriu uma escola para o ensino da doutrina cristã e, ainda nessa cidade, dedicou-se ao apostolado, especialmente nos meios cultos, onde se movimentava com desembaraço. Escreveu muitas obras, mas somente três chegaram até nós: duas apologias contra os pagãos e um diálogo com o judeu Trifão. Foi açoitado e depois, decapitado.

IRINEU (130 – 200)

Nascido no ano de 130, em Esmirna, na Ásia Menor (Turquia), e filho de uma família cristã, foi influenciado pela pregação de Policarpo, bispo daquela cidade. Anos depois, Irineu mudou-se para Gália (atual sul da França), para a cidade de Lyon, onde foi presbítero no lugar do bispo que havia sido martirizado em 177.
Além da pregação de Policarpo, Irineu recebeu influência de Justino, cujo ministério foi um elo entre a teologia grega e a latina, junto com um de seus contemporâneos, Tertuliano.
Enquanto Justino era primariamente um apologista, Irineu contribuiu na refutação contra as heresias e na exposição do cristianismo apostólico. Sua maior obra foi desenvolvida no campo da literatura polêmica contra o gnosticismo.

TERTULIANO DE CARTAGO (150 – 230)

Nasceu por volta de 150 d.C., em Cartago, onde provavelmente passou toda a sua vida, embora alguns estudiosos afirmem que ele morasse em Roma. Por profissão, sabe-se que era advogado. Fazia visitas com freqüência a Roma, sendo que aos 40 anos converteu-se ao cristianismo, dedicando seus conhecimentos e habilidades jurídicas ao esclarecimento da fé cristã ortodoxa contra os pagãos e os hereges.
Foi o pai das doutrinas ortodoxas da Trindade e da pessoa de Jesus Cristo. Suas doutrinas a respeito da Trindade e da pessoa de Cristo foram forjadas no calor da controvérsia com Práxeas que, segundo Tertuliano, “sustenta que existe um só Senhor, o Todo-Poderoso criador do mundo, apenas para poder elaborar uma heresia com a doutrina da unidade. Ele afirma que o próprio Pai desceu para dentro da virgem, que Ele mesmo nasceu dela, que Ele mesmo sofreu e que, realmente, era o próprio Jesus Cristo”.
Tertuliano foi o primeiro teólogo cristão a confrontar e a rejeitar com grande vigor e clareza intelectual essa visão aparentemente singela da Trindade e da unidade de Deus. Ele declarou que se esse conceito fosse verdade, então o Pai tinha morrido na cruz, e isso, além de ser impróprio para o Pai, é absurdo.

ORÍGENES (185-254)

Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente em Alexandria. Era escritor cristão de vasta erudição, de expressão grega e, inicialmente em sua cidade natal. Estudou letras e aprendeu de cor textos bíblicos com seu pai, que foi morto por ocasião da repressão do Imperador Sétimo Severo às novas religiões.
O bispo de Alexandria passou a Orígenes a direção da Escola Catequética, sendo então sucessor de Clemente. Estudou na Escola neoplatônica de “Ammonios”. Viajou a Roma, em 212, onde ouviu ao sábio cristão Hipólito. Em 215, organizou em Alexandria uma escola superior de Exegese Bíblica. Devido ao seu vasto conhecimento, viajava muito e ministrava ao público nas igrejas.
O fato de se haver castrado por devoção lhe criou dificuldades com alguns bispos, que contrariavam o sacerdócio dos eunucos. Em 232, transferiu-se para a Cesaréia, na Palestina, onde se dedicou exaustivamente aos seus estudos. Sobreviveu aos tormentos de que foi vítima sob o domínio do Imperador Décio (250-252). Posteriormente a esta data, morreu em Tiro, não se sabendo exatamente quando.
Era considerado o membro mais eminente da escola de Alexandria e estudioso dos filósofos gregos. Acreditava que a alma preexiste e está subordinada à metempsicose. Aqui vemos nele uma tese tipicamente pitagórica e platônica, sendo abandonada depois pelo cristianismo oficial. Todavia, é relembrada ainda hoje por aqueles que a defendem como doutrina cristã: os espíritas.

CIPRIANO (200-258)

Tharsius Caecilius Cyprianus. Converteu-se em 246 d.C. e, três anos depois foi nomeado bispo de Cartago, no norte da África.
Durante dez anos, conduziu seu rebanho sob a perseguição do imperador Décio, uma das mais cruéis. Foi também o grande sustentáculo moral e espiritual da cidade de Cartago no período em que esta foi atacada por uma epidemia. Além disso, escreveu e batalhou pela unidade da Igreja.
Seu nome está ligado a uma grande controvérsia a respeito do batismo e da ordenação efetuada por hereges. No entender de Cipriano, essas cerimônias não valiam, pelo fato dos oficiantes estarem em desacordo com a ortodoxia. Assim deveriam ser batizados e reordenados todos os que entrassem pela verdadeira Igreja. Estevão, bispo de Roma, discordou com ele e isso gerou um cisma, uma vez que Cipriano, além de rejeitar a autoridade do bispo romano, convocou um concílio no norte da África para resolver a questão.
Seus escritos consistem em tratados de caráter pastoral e de cartas, 82 ao todo, das quais 14 eram dirigidas a ele mesmo e as restantes tratavam de questões da sua época.
Como mártir, morreu decapitado em 14 de setembro de 258 d.C., durante a perseguição do imperador Valeriano.


EUZÉBIO DE CESARÉIA (265-339)

Incentivado por Constantino, Euzébio fez a narração da primeira história do cristianismo, coroando-a com a sua imperial adesão a Cristo. “A ortodoxia era apenas uma das várias formas do cristianismo, durante o século III, e pode só ter se tornado dominante no tempo de Euzébio”.
Cesaréia foi fundada pelo rei Herodes no século I a.C.em um porto comercial fenício e grego denominado Torre de Straton, Cesaréia foi assim denominada pelo monarca em homenagem ao imperador romano César Augusto. A cidade foi detalhadamente descrita pelo historiador judeu Flávio Josefo. Era uma cidade murada, com o maior porto na costa oriental do Mediterrâneo chamado “Sebastos”, nome grego do imperador Augusto.

JERÔNIMO (325-378)

Erudito nas escrituras e tradutor da Bíblia para o latim. Sua tradução, conhecida como Vulgata, ou Bíblia do Povo, foi amplamente utilizada nos séculos posteriores como compêndio para o estudo da língua latina, assim como para o estudo das Escrituras.
Jerônimo passou a maior parte da sua juventude em Roma, estudando línguas e filosofia. Apesar da história não relatar pormenores de sua conversão, sabe-se, porém, que foi batizado quando tinha entre 19 e 20 anos. Depois disso ele embarcou em uma peregrinação pelo império que levou vinte anos.

CRISÓSTOMO (344-407)

Criado em Antioquia, seus grandes dotes de graça e eloqüência, como pregador, levaram-no a ser chamado à Constantinopla, onde se tornou patriarca (ou arcebispo). Como os outros apologistas, harmonizou o ensinamento cristão com a erudição grega, dando novos significados cristãos a antigos termos filosóficos, como a caridade.
Em seus sermões, defendia uma moralidade que não fizesse qualquer transigência com a conveniência e a paixão, e uma caridade que conduzisse todos os cristãos a uma vida apostólica de devoção e de pobreza comunal. Essa piedosa mensagem, entretanto, tornou-se impopular na corte imperial, e também entre alguns membros do clero de Constantinopla, por isso acabou sendo banido e morreu no exílio.

AGOSTINHO (354-430)

Aurélio Agostinho nasceu no ano de 354, na cidade de Tagaste de Numídia, província romana ao norte da África, atual região da Argélia. Agostinho iniciou seus estudos em sua cidade natal, seguindo depois para Cartago. Ensinou retórica e gramática, tanto no norte da África como na Itália. Ficou conhecido como o filósofo e teólogo de Hipona. Polemista capaz, pregador de talento, administrador episcopal competente e teólogo notável, criou uma filosofia cristã da história que continua válida até hoje em sua essência.
Inspirado no tratado filosófico denominado “Hortensius”, de Cícero, converteu-se em ardoroso pesquisador da verdade, abraçando o maniqueísmo. Com vinte anos, perdeu o pai e tornou-se o responsável pelo sustento da família. Ao resolver que iria para Roma, sua mãe foi contra, então teve de enganá-la na hora da viagem. De Roma, foi para Milão, onde novamente passou a lecionar retórica.
Influenciado pelos estóicos, por Platão e pelo neoplatonismo, também estava entre os adeptos do ceticismo. Em Milão, porém, conheceu Ambrósio, que o converteu ao cristianismo. Depois disso, voltou ao norte da África, onde foi ordenado sacerdote e, mais tarde, consagrado bispo de Hipona. Combateu a heresia maniqueísta que antes defendia e participou de dois grandes conflitos religiosos: o Donatismo e o Pelagianismo. Sua obra mais conhecida é a autobiografia “Confissões”, escrita possivelmente, no ano 400. Em “A cidade de Deus” (413-426) formulou uma filosofia teológica da história.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

UMA TRADIÇÃO ORAL

As primeiras proclamações a respeito de Jesus foram, provavelmente, simples e diretas. Jesus havia morrido, mas foi ressuscitado dos mortos. Pregações mais elaboradas, como o primeiro sermão de Pedro (At 2.14-36), provavelmente, tenham identificado Jesus como Senhor e Messias e demonstraram como a morte e ressurreição do Messias (Jesus) haviam sido profetizadas pelos profetas. Pregações posteriores também destacaram que Jesus havia morrido para o perdão dos nossos pecados e que ele voltaria novamente em glória para julgar os vivos e os mortos. As proclamações básicas acabaram por ser colocadas na forma de pequenos credos, ou seja, recitações dos aspectos essenciais da fé em Jesus. Esses credos eram incluídos em sermões usados para ensinar os novos convertidos e, provavelmente, recitados nos batismos. Eles podem também ter sido usados na adoração.
Nada a respeito de Jesus foi escrito nas primeiras décadas depois da sua vida na terra, e muitas razões para isso devem ter existido. Em primeiro lugar Jesus não deixou nada escrito e nunca instruiu aos seus seguidores que escrevessem a seu respeito. Além disso, os primeiros seguidores de Jesus não se consideravam como parte de uma nova religião que precisava das suas próprias Escrituras. Eles eram, na sua maioria, bons judeus que aceitavam as Escrituras em hebraico e criam que Jesus era o cumprimento delas, o Messias prometido pelos profetas. Quando os gentios (não-judeus) começaram a seguir a Jesus, eles adotaram o judaísmo como a sua religião.
A razão principal para não escrever, entretanto, pode ter sido bem prática. Os primeiros cristãos criam que Jesus voltaria num futuro imediato. Portanto, eles não viram nenhuma razão para escreverem qualquer coisa. Eles podiam manter vivas as tradições a respeito de Jesus oralmente durante o curto período até que ele retornasse novamente em glória para julgar os vivos e os mortos e para tornar completo o seu Reino.

DE SERMÕES A CARTAS
As cartas de Paulo são, provavelmente, os livros mais antigos do NT, escritos antes que as histórias sobre Jesus estivessem no papel.
Paulo, que escreveu a maior parte das cartas do NT, dependia bastante dessas cartas para complementar o seu ministério. Como ele viajava muito, fundando igrejas por todo o Império Romano, as cartas permitiam que ele ministrasse em mais de um lugar ao mesmo tempo. Enquanto pregava em uma cidade, ele escrevia para congregações distantes e pastores, geralmente com a intenção de que suas cartas fossem lidas em voz alta durante as cerimônias de adoração e, ocasionalmente, que circulassem em outras igrejas (Cl 4.16).

ESTRUTURA DE UMA CARTA

1. Saudação;
2. Introdução;
3. Corpo de texto;
4. Despedida.

OS EVANGELHOS

A palavra “evangelho” é uma transliteração da palavra grega euangelion, que significa “boa notícia”. A palavra grega era usada em épocas antigas para fazer referência ao nascimento de um imperador-deus. No AT, o termo equivalente em hebraico era usado para anunciar a nomeação de um rei (1Rs 1.24), o nascimento de um filho (Jr 20.15) e uma vitória em batalha (1Sm 31.8-10).
O Evangelho de Marcos pode ter sido o primeiro a ser escrito, pois parece ter servido como uma fonte para os Evangelhos de Mateus e Lucas.
Os três primeiros Evangelhos são tão semelhantes que foram chamados de Evangelhos Sinóticos (semelhantes). Estudiosos, freqüentemente, examinam esses Evangelhos lado a lado para estudarem a relação entre eles e com a hipotética “fonte Q”. Questões que surgem dessas comparações são chamadas pelos estudiosos de “problema sinótico”
O Evangelho de João, como os outros três, deve ter passado quase que certamente por três estágios de desenvolvimento. Primeiro, havia relatos de testemunhas oculares que conheceram Jesus. Segundo, esses relatos foram organizados conforme as necessidades da Igreja primitiva ou das comunidades cristãs. Por fim, uma pessoa dessas comunidades reformulou esse material numa forma escrita procurando a melhor maneira de atender às necessidades dos seus primeiros leitores.

OS PAIS APOSTÓLICOS

Desde o século XVII, escritores antigos que conheciam alguém que conhecia Jesus foram chamados de Pais Apostólicos.
Na época dos Pais Apostólicos (fim do primeiro século e início do segundo), todos os livros do NT, provavelmente, já haviam sido escritos, mas ainda não eram considerados como Escrituras da mesma forma que o AT. Na verdade levaria mais dois séculos até que o Cânon do NT fosse estabelecido de forma definitiva.

Alguns Pais Apostólicos:

§ Clemente de Roma;
§ Inácio de Antioquia;
§ Policarpo;
§ Justino Mártir;
§ Irineu;
§ Tertuliano de Cartago;
§ Orígenes;
§ Cipriano;
§ Eusébio de Cesaréia e etc...

DEFININDO O NOVO TESTAMENTO

Não há uma forma simples de explicar como os cristãos escolheram os 27 livros do NT. Foram dois séculos de debate entre líderes da Igreja.
Até o ano 300, quase todos os versículos do NT haviam sido citados nas mais de 36000 citações dos Pais da Igreja. Apenas 11 versículos não foram citados.
Entretanto, não foram os líderes da Igreja que resolveram a questão. No final, eles apenas confirmaram uma decisão que a Igreja como um todo havia tomado de forma gradual.
Obs: Não havia no cristianismo uma instituição que colecionasse os textos considerados sagrados, o que influenciou na demora do reconhecimento dos mesmos.

PORQUE DEFINIR UM CÂNON DO NT?

§ Para a leitura nas igrejas;
§ Para definir o legado doutrinário dos apóstolos.

HOMOLOGOUMENA (Livros aceitos por todos)

A grande maioria dos livros – 20 dos 27 – foi aceita logo de início pela Igreja, sem objeções. Todos os Pais da Igreja defendiam sua canonicidade.

ANTILEGOMENA (Livros questionados por alguns)

§ Hebreus;
§ Tiago;
§ 2Pedro;
§ 2 e 3João;
§ Judas e
§ Apocalipse.

PSEUDOEPÍGRAFOS (Escritos falsos)

Receberam esse nome por seu conteúdo espúrio e herético. Em geral abrangiam erros gnósticos, docetas e monofisistas. Diziam esclarecer mistérios não revelados nos livros canônicos e foram acatados por seitas heréticas.
Exemplos:

§ Livro da Infância do Salvador;
§ O Evangelho segundo Tomé;
§ Os Atos de Pedro;
§ Os Atos de Paulo e Tecla;
§ Apocalipse de Pedro.

APÓCRIFOS (Aceitos por alguns)
Os apócrifos do NT, quando muito, tiveram “canonicidade temporal e local”. Nunca receberam um reconhecimento amplo e permanente.


Bibliografia:

§ Miller, Stephen M. e Huber, Robert V.; A Bíblia e sua história, Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
§ Barcellos, Professor Daniel F. de; Apostila de História da Bíblia III; 1º semestre de 2007/Faculdade de Teologia Wittenberg