John Wycliffe (1330 – 1384)
John Wycliff, o estudioso de Oxford que esteve por trás da primeira Bíblia na língua inglesa, criou tantos problemas na Igreja, que, mesmo 43 anos depois da sua morte, líderes da Igreja ordenaram que os ossos dele fossem tirados do túmulo, queimados até virarem cinzas e atirados em um rio.
Em seus estudos da Bíblia, Wycliffe começou a perceber que muitos líderes da Igreja não estavam praticando o que ela ensina. E, então, ele passou a falar do que acreditava, especialmente durante a última década de sua vida. Com suas aulas, sermões e textos escritos, Wycliffe lançou uma campanha vigorosa contra a Igreja, preparando o caminho para a Reforma, que ocorreu um século depois.
Por causa da sua falta de confiança na autoridade da Igreja, bem como seu respeito pelas Escrituras, Wycliffe começou a pressionar para que houvesse uma tradução inglesa da Bíblia. Essa deveria substituir a latina, que somente o clero bem-educado conseguia ler.
Wycliffe pode não ter traduzido muito ou talvez nada da Bíblia que leva o seu nome. Mas, no mínimo, ele foi a força motivadora por trás do projeto.
A Imprensa
Um século antes de Lutero, John Wycliff e John Huss haviam lançado centelhas de reforma. Mas o fogo não se espalhou. A mensagem de reforma de Lutero, entretanto, rapidamente tomou conta da Alemanha, se alastrou por outras nações da Europa e continuou crescendo. A grande diferença entre Lutero e reformadores anteriores é que Lutero teve acesso à recém-inventada tecnologia de impressão de Gutenberg. Lutero podia publicar sua mensagem de forma barata em livros e panfletos e, então, distribuí-la a centena de milhares de pessoas. Mais importante ainda: ele pôde publicar a Bíblia na língua do seu próprio povo, de forma que as pessoas podiam ver, por si mesmas, que muitos líderes eclesiásticos distorciam a mensagem bíblica.
Martinho Lutero
Martinho Lutero, o estudioso da Bíblia nascido na Alemanha e que havia sido monge, é famoso especialmente por ter dado início à Reforma, um movimento amplo, que resultou na divisão da Igreja em duas: Católica e protestante. Mas ele também traduziu a Bíblia para o Alemão, o que ajudou a unificar a nação e a língua, que tinha vários dialetos. Surpreendentemente, ele levou apenas 11 semanas para terminar o primeiro rascunho da sua tradução do NT em Alemão. Esse NT faz parte de uma tradução da Bíblia tão compreensível, que cópias revisadas dela ainda são populares entre os alemães de hoje.
William Tyndale
Apesar de educado em Oxford e Cambridge e, então, ordenado como um sacerdote, tudo o que Tyndale queria era traduzir a Bíblia das suas línguas originais, hebraico e grego, para o inglês. Como um lingüista talentoso, ele parecia ser a pessoa certa para aquela tarefa. Ele dominava pelo menos sete línguas, incluindo as línguas bíblicas antigas.
Seus superiores católicos não aprovaram o projeto. Eles o associaram ao crescimento do movimento protestante, que ensinava que a Bíblia, não a Igreja, era a voz de Deus na terra.
Tyndale foi julgado não somente por publicar o NT em inglês, mas também por ter um pensamento semelhante ao de Lutero. Introduções e notas nas margens da sua Bíblia revelam a sua teologia. Ele acreditava na salvação através da fé, não através da Igreja. Ele negava a existência do purgatório. Ele argumentava que a virgem Maria e os santos não intercediam por nós e que não deveríamos orar para eles.
Em agosto de 1536, Tyndale foi condenado como culpado de heresia. Dois meses, ele foi acorrentado a uma estaca onde um executor publicamente o estrangulou com uma corda e, então, queimou o seu corpo. Suas palavras finais foram: “Senhor, abra os olhos do Rei da Inglaterra”, e enquanto ele falava, o clima estava mudando na Inglaterra. O Rei Henrique VIII, que havia sido incapaz de assegurar a aprovação do Papa divorciar-se de Catarina de Aragão, estava se afastando da Igreja Católica.
Um ano depois da morte de Tyndale, Bíblias que revelavam forte influência do trabalho dele começaram a ser distribuídas na Inglaterra, com a aprovação do Rei. Em dois anos, todas as paróquias foram encorajadas a ter uma cópia para o seu povo. E, dentro de cinco anos, as igrejas pagavam multa se não cumprissem a ordem.
A Bíblia de Genebra
A Rainha Maria atacou tão furiosamente os protestantes da Inglaterra, que ficou conhecida como “Maria, a sanguinária”. Para sua própria segurança, muitos estudiosos protestantes fugiram do país e se estabeleceram em Genebra, na Suíça, onde se reuniram sob o comando de João Knox, o reformador escocês que era pastor de uma igreja inglesa naquela região. A Rainha Maria havia proibido a publicação de Bíblias em inglês no seu reino e, por isso, os protestantes exilados decidiram preparar suas próprias Bíblias.
O trabalho de tradução foi especialmente dado a William Wittingham, que havia sido um aluno de Oxford. Sua versão inglesa do NT foi publicada em Genebra em 1557. Quando Maria morreu, e a protestante Elizabete I chegou ao trono, muitos dos exilados ingleses retornaram para casa, mas Wittingham permaneceu em Genebra para completar o seu trabalho. O AT foi publicado lá em 1560.
A Bíblia de Genebra só veio a ser publicada na Inglaterra em 1576, mas cópias delas eram livremente importadas de Genebra, e o livro fez um enorme sucesso. Foi a Bíblia dos grandes escritores do século XVII, incluindo Shakespeare, Bunyan e Milton.
A Versão King James
Em janeiro de 1604, durante o seu primeiro ano no trono, Tiago I (ou James em inglês), convocou uma reunião para avaliar a situação da Igreja na Inglaterra. Entre outras coisas foi resolvido que deveria ser feita uma tradução precisa para substituir as outras versões em inglês e para se tornar a única versão lida nas igrejas. O trabalho foi realizado pelos melhores estudiosos e lingüistas da Inglaterra.
A tradução ficou conhecida como Versão King James e no final do século XVII, havia se tornado a Bíblia do povo de fala inglesa. Como o padre católico Alexander Geddes afirmou em 1792: “Se precisão, fidelidade e a atenção mais estrita às letras do texto constituem as qualidades de uma excelente versão, essa, entre todas as versões, deve, em geral, ser considerada a mais excelente.”
Traduções da Bíblia em português
John Wycliff, o estudioso de Oxford que esteve por trás da primeira Bíblia na língua inglesa, criou tantos problemas na Igreja, que, mesmo 43 anos depois da sua morte, líderes da Igreja ordenaram que os ossos dele fossem tirados do túmulo, queimados até virarem cinzas e atirados em um rio.
Em seus estudos da Bíblia, Wycliffe começou a perceber que muitos líderes da Igreja não estavam praticando o que ela ensina. E, então, ele passou a falar do que acreditava, especialmente durante a última década de sua vida. Com suas aulas, sermões e textos escritos, Wycliffe lançou uma campanha vigorosa contra a Igreja, preparando o caminho para a Reforma, que ocorreu um século depois.
Por causa da sua falta de confiança na autoridade da Igreja, bem como seu respeito pelas Escrituras, Wycliffe começou a pressionar para que houvesse uma tradução inglesa da Bíblia. Essa deveria substituir a latina, que somente o clero bem-educado conseguia ler.
Wycliffe pode não ter traduzido muito ou talvez nada da Bíblia que leva o seu nome. Mas, no mínimo, ele foi a força motivadora por trás do projeto.
A Imprensa
Um século antes de Lutero, John Wycliff e John Huss haviam lançado centelhas de reforma. Mas o fogo não se espalhou. A mensagem de reforma de Lutero, entretanto, rapidamente tomou conta da Alemanha, se alastrou por outras nações da Europa e continuou crescendo. A grande diferença entre Lutero e reformadores anteriores é que Lutero teve acesso à recém-inventada tecnologia de impressão de Gutenberg. Lutero podia publicar sua mensagem de forma barata em livros e panfletos e, então, distribuí-la a centena de milhares de pessoas. Mais importante ainda: ele pôde publicar a Bíblia na língua do seu próprio povo, de forma que as pessoas podiam ver, por si mesmas, que muitos líderes eclesiásticos distorciam a mensagem bíblica.
Martinho Lutero
Martinho Lutero, o estudioso da Bíblia nascido na Alemanha e que havia sido monge, é famoso especialmente por ter dado início à Reforma, um movimento amplo, que resultou na divisão da Igreja em duas: Católica e protestante. Mas ele também traduziu a Bíblia para o Alemão, o que ajudou a unificar a nação e a língua, que tinha vários dialetos. Surpreendentemente, ele levou apenas 11 semanas para terminar o primeiro rascunho da sua tradução do NT em Alemão. Esse NT faz parte de uma tradução da Bíblia tão compreensível, que cópias revisadas dela ainda são populares entre os alemães de hoje.
William Tyndale
Apesar de educado em Oxford e Cambridge e, então, ordenado como um sacerdote, tudo o que Tyndale queria era traduzir a Bíblia das suas línguas originais, hebraico e grego, para o inglês. Como um lingüista talentoso, ele parecia ser a pessoa certa para aquela tarefa. Ele dominava pelo menos sete línguas, incluindo as línguas bíblicas antigas.
Seus superiores católicos não aprovaram o projeto. Eles o associaram ao crescimento do movimento protestante, que ensinava que a Bíblia, não a Igreja, era a voz de Deus na terra.
Tyndale foi julgado não somente por publicar o NT em inglês, mas também por ter um pensamento semelhante ao de Lutero. Introduções e notas nas margens da sua Bíblia revelam a sua teologia. Ele acreditava na salvação através da fé, não através da Igreja. Ele negava a existência do purgatório. Ele argumentava que a virgem Maria e os santos não intercediam por nós e que não deveríamos orar para eles.
Em agosto de 1536, Tyndale foi condenado como culpado de heresia. Dois meses, ele foi acorrentado a uma estaca onde um executor publicamente o estrangulou com uma corda e, então, queimou o seu corpo. Suas palavras finais foram: “Senhor, abra os olhos do Rei da Inglaterra”, e enquanto ele falava, o clima estava mudando na Inglaterra. O Rei Henrique VIII, que havia sido incapaz de assegurar a aprovação do Papa divorciar-se de Catarina de Aragão, estava se afastando da Igreja Católica.
Um ano depois da morte de Tyndale, Bíblias que revelavam forte influência do trabalho dele começaram a ser distribuídas na Inglaterra, com a aprovação do Rei. Em dois anos, todas as paróquias foram encorajadas a ter uma cópia para o seu povo. E, dentro de cinco anos, as igrejas pagavam multa se não cumprissem a ordem.
A Bíblia de Genebra
A Rainha Maria atacou tão furiosamente os protestantes da Inglaterra, que ficou conhecida como “Maria, a sanguinária”. Para sua própria segurança, muitos estudiosos protestantes fugiram do país e se estabeleceram em Genebra, na Suíça, onde se reuniram sob o comando de João Knox, o reformador escocês que era pastor de uma igreja inglesa naquela região. A Rainha Maria havia proibido a publicação de Bíblias em inglês no seu reino e, por isso, os protestantes exilados decidiram preparar suas próprias Bíblias.
O trabalho de tradução foi especialmente dado a William Wittingham, que havia sido um aluno de Oxford. Sua versão inglesa do NT foi publicada em Genebra em 1557. Quando Maria morreu, e a protestante Elizabete I chegou ao trono, muitos dos exilados ingleses retornaram para casa, mas Wittingham permaneceu em Genebra para completar o seu trabalho. O AT foi publicado lá em 1560.
A Bíblia de Genebra só veio a ser publicada na Inglaterra em 1576, mas cópias delas eram livremente importadas de Genebra, e o livro fez um enorme sucesso. Foi a Bíblia dos grandes escritores do século XVII, incluindo Shakespeare, Bunyan e Milton.
A Versão King James
Em janeiro de 1604, durante o seu primeiro ano no trono, Tiago I (ou James em inglês), convocou uma reunião para avaliar a situação da Igreja na Inglaterra. Entre outras coisas foi resolvido que deveria ser feita uma tradução precisa para substituir as outras versões em inglês e para se tornar a única versão lida nas igrejas. O trabalho foi realizado pelos melhores estudiosos e lingüistas da Inglaterra.
A tradução ficou conhecida como Versão King James e no final do século XVII, havia se tornado a Bíblia do povo de fala inglesa. Como o padre católico Alexander Geddes afirmou em 1792: “Se precisão, fidelidade e a atenção mais estrita às letras do texto constituem as qualidades de uma excelente versão, essa, entre todas as versões, deve, em geral, ser considerada a mais excelente.”
Traduções da Bíblia em português
1753: Tradução de João Ferreira de Almeida
1790: Versão de Figueiredo
1898: Versão Revista e Corrigida de Almeida
1917: Tradução Brasileira
1932: Versão de Matos Soares
1959: Versão Revista e Atualizada
1959: Versão dos Monges beneditinos
1968: Versão dos Padres Capuchinhos
1981: Bíblia de Jerusalém
1981: A Bíblia Viva
1988: Bíblia na Linguagem de Hoje
1993: Tradução em Português Corrente
1993: 2ª Edição da Versão Revista e Atualizada de Almeida
1994: Tradução Ecumênica da Bíblia
1995: 2ª Edição da Versão Revista e Corrigida de Almeida
2000: Nova Tradução na Linguagem de Hoje
2001: Nova Versão Internacional
2002: Versão da CNBB
Traduções de Almeida mais usadas
O primeiro a traduzir o NT para o português, baseando-se no original grego, foi João Ferreira de Almeida. Ele nasceu em Torre de Tavares, Portugal, em 1628. Em 1644, converteu-se ao protestantismo, sendo ordenado ao ministério na Igreja Reformada Holandesa, em 1656. Sua tradução da Bíblia foi obra de uma vida toda. O NT foi lançado em 1681, impresso na Holanda. Almeida não conseguiu terminar a tradução do AT: faleceu em 1691, deixando a tradução em Ezequiel 48.21. O trabalho foi concluído por Jacobus op den Akker, colega de Almeida. A Bíblia toda só foi publicada em 1753.
Almeida Revista e Corrigida (ARC)
A tradução foi trazida para o Brasil pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em data anterior a fundação da Sociedade Bíblica do Brasil. Naquela época, a tradução de Almeida foi entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, que foram incumbidos de tirar os lusitanismos do texto, dando a ele uma feição mais brasileira.
Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Encomendada em 1943, surgiu, no Brasil, após o trabalho de mais de uma década. A comissão tratou de atualizar a linguagem, mas também levou em conta os últimos avanços da arqueologia e exegese bíblicas. Atenção especial foi dada à leitura pública dos textos, que resultou na eliminação de uns dois mil casos de desagrados cacofônicos.
BIBLIOGRAFIA
· Miller, Stephen M. e Hubert, Robert V., A Bíblia e sua história, Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.